O que é investidor anjo e como ele auxilia os empreendimentos?
Escrito em 06 de Abril de 2021 por Patrick Negri
Atualizado em 24 de Agosto de 2023
Você sabe o que é um investidor anjo? Muitos projetos de empreendimento acabam engavetados por serem inviáveis no momento. E, essa inviabilidade pode acontecer por diversos motivos, como a falta de recursos financeiros, falta de experiência das pessoas que estão empreendendo e, até mesmo, insegurança no projeto. Se esses também são seus problemas, o investimento anjo é a solução ideal para você.
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O investidor anjo é a figura perfeita para empreendedores que precisam de recursos e conhecimento para tirar o projeto do papel e, finalmente, colocar em prática sua ideia de negócio.
Muitas das maiores empresas do mundo, inclusive, iniciaram suas atividades com a participação de investidores anjos, como a Google e o Facebook. Não pense, contudo, que sua empresa não é grande ou relevante o suficiente para estar qualificada a receber esse tipo de investimento.
Seu projeto pode ser exatamente o que um investidor anjo procura. Se você tem uma boa proposta de negócio, mas precisa de recursos para patrocinar a abertura da empresa ou aumentar seu alcance? Acompanhe a leitura e entenda o que são investidores anjos, como eles atuam para ajudar as empresas e quais os tipos de negócio que eles mais procuram.
O que é investidor anjo?
O investidor anjo é a figura que pode te ajudar a superar um dos maiores desafios, senão o maior, de um empresário: conquistar recursos financeiros, materiais ou administrativos.
Embora tenha entrado em evidência no Brasil recentemente, esse tipo de investidor já atua há décadas em mercados internacionais.
Na verdade, o investimento anjo surgiu já no início da década de 20, nos Estados Unidos, e era utilizado em referência aos patrocinadores de peças da Broadway. Esses investidores pagavam os custos de produção assumindo os riscos, mas também participavam do retorno financeiro e ainda apoiavam sua execução.
Com o desenvolvimento do mercado financeiro, o termo foi “importado” para se referir aos investidores que aplicam em novas empresas por acreditarem no crescimento delas. No empreendedorismo, isso também implica em assumir os riscos e participar do retorno financeiro, atuando, ainda, como mentores do negócio.
Ou seja, é basicamente a mesma coisa, mas ao invés de peças da Broadway, o investimento pode ser em seu projeto.
Afinal, quem pode ser um investidor anjo?
Embora exista uma lei para regulamentar a atuação do investidor anjo, ela não apresenta restrições sobre quem pode fazer esse tipo de investimento. De acordo com a legislação, qualquer pessoa física ou jurídica que investe recursos em uma microempresa ou em um negócio de pequeno porte é entendida como um investidor anjo.
No entanto, por ser uma aplicação de alto risco e por exigir conhecimento empresarial, os investidores costumam ser empresários ou executivos experientes e com bastante recursos.
Obviamente, a relação entre o investidor anjo e o empreendedor é mais complexa que isso. Para entender melhor, confira como é definido um investimento anjo.
Qual a definição de investimento anjo?
Como já abordamos, além de fornecer recursos financeiros, o investidor anjo contribui intelectualmente para o desenvolvimento do negócio. Assim, o empreendedor conta com uma mentoria que o auxilia em questões administrativas, produtivas e mercadológicas. Por isso, o investimento anjo é definido como Smart-Money (na tradução literal, dinheiro inteligente).
Essa parceria funciona como uma espécie de sociedade entre investidores e empresários, na qual, entretanto, o investidor-anjo não tem participação societária na empresa. Portanto, o investidor não tem direito a voto na administração e não pode assumir uma posição executiva na empresa, atuando apenas como um conselheiro durante decisões estratégicas.
Determinada por lei desde 2017, essa forma de atuação é vantajosa tanto para o investidor quanto para o empreendedor. O primeiro não é responsável pelas obrigações da empresa, como o pagamento de eventuais dívidas ou multas, e o segundo mantém o controle societário.
Como funciona o investimento anjo
Uma vez que apresenta risco considerável, o investimento anjo, geralmente, é feito por um grupo de investidores. Assim, eles podem mitigar os riscos e ainda compartilhar o esforço da mentoria ao empreendedor.
No entanto, normalmente um investidor-líder é designado para avaliar o projeto e, caso seja de seu interesse, discutir os termos do contrato com o empreendedor. Então, ele apresenta o projeto e a negociação aos outros investidores anjos, que avaliam a viabilidade de participar do negócio.
É importante salientar que esse tipo de investimento tem um prazo de validade estabelecido pela legislação. A Lei Complementar 155/2016 estabelece um limite de 7 anos para a vigência do contrato de participação, de modo a proteger o investidor anjo caso os resultados do negócio não sejam satisfatórios para ele.
Por outro lado, o investidor só pode realizar o resgate dos investimentos após dois anos da assinatura do contrato. Assim, a lei também garante certa estabilidade ao empreendedor, caso seu investidor anjo decida retirar o investimento e migrar os recursos para outra empresa.
Como você pôde ver, a legislação garante certa segurança a ambas as partes desse tipo de investimento. Ainda assim, o estabelecimento prévio de todas as condições para o fim dessa sociedade é essencial para evitar conflitos de antemão.
Inclusive, para atuar em conformidade com a lei, a primeira etapa deve ser a assinatura de um “contrato de participação”, entre o empreendedor e o investidor anjo, que deve estabelecer todos os parâmetros para essa relação de investimento.
Agora que você sabe o que é um investimento anjo, confira qual o papel desse investidor na sua empresa.
Como um investidor anjo ajuda uma empresa?
Como já foi abordado, o investidor anjo funciona como uma espécie de mentor ao empresário, oferecendo conselhos e orientações sobre os processos administrativos da empresa, bem como em relação às decisões estratégicas do negócio. Com isso, aumentam-se as chances de sucesso do empreendimento, e, consequentemente, o retorno financeiro.
Tão valiosos quanto os recursos financeiros, os saberes técnicos contribuem para acelerar o processo de desenvolvimento e abertura de um negócio. Além disso, ele pode ajudar o empreendedor a encontrar os diferenciais dos produtos ou serviços que oferece e introduzir, na empresa, questões sobre a cultura organizacional que podem otimizar os processos.
Outra atuação importante do investidor anjo é que ele, provavelmente, possui uma boa rede de contatos. Assim, ele pode apresentar os empreendedores a aos fornecedores, consultores de vendas, outros investidores e executivos. Dessa forma, você aumenta o networking da sua empresa, o que faz sua marca ganhar mais visibilidade.
Ou seja, dentre os benefícios em ter um investidor anjo para seu projeto estão:
- Captação de recursos financeiros;
- Aprendizado sobre gestão de operações;
- Ganho de experiência e conhecimento;
- Fortalecimento do networking;
- Aceleração do desenvolvimento do negócio;
- Otimização de processos e planejamento.
Confira, agora, quais os tipos de empresas são mais propícias a receber esse tipo de investimento.
Qual o objetivo do investidor anjo?
Geralmente, os investidores anjos procuram um tipo específico de negócios para aplicar seus recursos: as startups, que são empresas jovens com grande potencial de inovação. Isso ocorre porque essas empresas possuem, normalmente, um diferencial: novas soluções para problemas antigos do segmento no qual atuam.
Por esse motivo, as startups apresentam maior potencial de escalabilidade, isto é, de gerar mais emprego, renda e impacto. Consequentemente, o retorno financeiro também se torna mais atrativo ao investidor. Contudo, ao investir em uma empresa iniciante, ele também assume altos riscos.
Mas qual o objetivo do investidor anjo? Bem, isso vai depender de cada um. Esse tipo de investimento apresenta diversas vantagens tanto para o investidor como para o empreendedor, e também para a sociedade. Afinal, o crescimento da empresa representa a oferta de vagas de emprego, aumento de renda e circulação de moeda em negócios locais.
Entretanto, o principal objetivo do investidor anjo ao aplicar em seu negócio é, obviamente, o retorno financeiro e a chance de diversificar seu portfólio de investimentos, diminuindo seus riscos de perda de ativos.
A remuneração do investidor anjo está intimamente ligada ao sucesso do seu empreendimento, uma vez que ela depende da receita da sua empresa. Com efeito, a lei estabelece que os rendimentos devem ser resgatados no prazo máximo de 5 anos e que nunca deve ultrapassar 50% dos lucros obtidos pela pelo negócio.
O investimento total por empresa varia conforme o tipo de negócio, mas o valor médio é entre R$200 mil e R$1 milhão, podendo, contudo, ultrapassar esse valor quando são projetos considerados muito valiosos.
Independentemente dos demais objetivos do investidor anjo, eles sempre caminharão em volta e a favor do crescimento do seu negócio. Agora que você entendeu a importância deste investimento para sua empresa, confira como atrair a atenção desses investidores e quando procurá-los.
Dicas para apresentar seu negócio a um investidor anjo
Para maior potencial de ganho, os investidores anjos costumam considerar quatro aspectos de um negócio: escalabilidade, inovação, mercado amplo e a postura do empreendedor. Confira uma descrição sobre cada um desses pontos e veja se a sua empresa está perto de atrair esse tipo de investimento.
- Escalabilidade: um negócio escalável é aquele que apresenta chances de crescimento sem a dependência de investimentos e uma equipe especializada;
- Inovação: os investidores anjo buscam um produto, serviço ou ideia diferenciada, que vai mostrar o potencial de crescimento do seu negócio.
- Mercado amplo: o público-alvo da sua empresa deve ser grande, pois quando o negócio depende de poucos consumidores, seu potencial de crescimento é limitado.
- Postura do empreendedor: o investidor anjo atua como um mentor, mas ele não deve fazer tudo sozinho. Um empresário que consiga executar seu projeto é mais importante do que aquele que possui uma super ideia que não sai do papel.
Com essas questões em mente, você deve, então, elaborar um protótipo do seu produto ou serviço para demonstrar tanto a relevância do seu negócio para o setor de atuação, quanto sua capacidade de execução do projeto.
Para isso, você deve marcar uma reunião com o investidor anjo para apresentar seu modelo de negócio e como ele atende às necessidades do mercado. Além disso, esse já é o momento para discutir as expectativas de faturamento, o posicionamento da sua marca, o investimento necessário e como os recursos serão utilizados.
Quando procurar um investidor anjo?
Você não vai ficar esperando o anjo chegar até você, certo? Contudo, é importante que o investidor entre em cena no momento certo. Isso só ocorre quando você já passou da fase de definição de ideias e partiu para a elaboração de um protótipo.
Afinal, não adianta chegar com abstrações, pois os investidores precisam identificar a viabilidade real do investimento a partir das reais chances de concretização do seu empreendimento.
Apesar de vantajoso para ambas as partes e de ser regulamentado pela legislação, o investimento anjo exige alguns cuidados ao procurar essas parcerias. Confira.
Cuidados ao procurar parcerias
Da mesma forma que o investidor deve confiar em você e no seu projeto de negócio, você deve acreditar no comprometimento dele. Antes de firmar um contrato com algum investidor anjo, portanto, busque por referências. Uma vez que esses investidores, normalmente, são pessoas relevantes no mercado, conferir a seriedade do profissional não será difícil.
Um ponto importante é que o investidor anjo nunca cobra para avaliar o negócio do empreendedor e muito menos para realizar o investimento. Seus ganhos serão o retorno financeiro que sua empresa irá proporcionar após seu crescimento. Assim, caso seu possível investidor solicite um pagamento, desconfie.
Outro fator fundamental é conhecer as normas que regem o investimento anjo, pois assim você evita compromissos maiores do que lhe cabe. Por exemplo, mostramos que o retorno financeiro do investidor deve ser menor que 50% da receita do negócio - e existem outras questões que além de te prejudicar podem desrespeitar a legislação.
Contar com especialistas para te auxiliar neste tipo de decisão é fundamental para que essa parceria seja realmente vantajosa para seu negócio.
O próximo passo, depois de conseguir o investimento, é focar para que a sua empresa administre o dinheiro da melhor forma possível. Ao utilizar uma plataforma de gestão financeira, por exemplo, que possibilita a automatização de cobranças, você estará dando mais um passo em direção ao sucesso. A iugu oferece serviços de suporte especializado para todo tipo de empresa. Entre em contato com nossa equipe e solicite um atendimento.
Escrito em 06 de Abril de 2021 por
Patrick Negri
Patrick Negri é empreendedor, desenvolvedor e atual CTO de uma das maiores plataformas de automação financeira do Brasil, a iugu. A sua história como empreendedor começou ainda muito jovem. Em 1996 foi um dos pioneiros empreendedores a lançar um sistema de pesquisa na era pré-google. A plataforma foi a primeira no país a oferecer mecanismo de meta inclusão. Desde então, Negri não parou e empreendeu em diversos negócios, entre eles o ramo de marketing digital e tecnologia.